O conto do fantasma noturno

Ando pela rua escura.
Vejo-a ao longe. Sua figura aguça minha curiosidade. Quem é ela?
Já é tarde da noite, além de mim, são poucos e de aparência duvidosa aqueles que se ariscam a caminhar na rua quase deserta e mal iluminada. Ela porém, parece passear por entre os cruzamentos vazios de carros e, ao mesmo tempo, sua figura atemporal faz com que pareça perdida em meio a imensidão da rua já quase vazia.
Sua presença perturba-me de tal forma que não consigo deixar de segui-la com o olhar, de longe, sem jamais perturbar seu passeio noturno. Reparo agora em sua figura, minha mente já perturbada pelo álcool me faz vê-la como uma figura de um tempo mais antigo, algo entorno do século XIX talvez, embora seu jeans escuro aparentemente rasgado nos joelhos e seu cabelo que, embora comprido, demonstra bem um estilo comtemporaneo provem o contrário.
Está agora iluminada sob a luz de um dos poucos postes que ainda funcionam, mesmo com essa escassa iluminação reparo em sua pele branca como se jamais tivesse sido tocada pelo sol, seus olhos, mesmo distantes e mal iluminados parecem emanar medo.
Inquieto-me.
Meus passos tornam-se mais rápidos, quero perguntar-lhe quem é e o que faz tão tarde na rua. Dizer-lhe que sua figura frágil inquietou-me. Mas ela agora corre, como se pressentisse meus movimentos, entra numa casa e desaparece na noite.
A rua volta ao seu vazio original, pergunto-me se meu delírio foi compartilhado por mais alguma das figuras que não me inspiram confiança na rua ou se fora apenas mais um delírio.
Não sei por onde anda a pequena que vive na noite, mais sua figura ainda atormenta a minha existência e provavelmente a de qualquer um que um dia possa vê-la em seu passeio pela noite.





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